A busca por autoestima é um dos principais motivos para que pessoas se submetam à cirurgia plástica, seja no corpo ou no rosto. O Brasil é o líder no ranking mundial desse tipo de procedimento em jovens, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

A levantamento apontou que, dos quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos feitos em 2016, 97 mil (6,6%) foram realizados em pessoas com até 18 anos. E, segundo a SBCP, mais de 2 milhões de procedimentos serão realizados até o final de 2023 entre os brasileiros, sendo a lipoaspiração e próteses mamárias os mais desejados.

“A primeira coisa antes de tomar uma decisão é se realmente a plástica é necessária. Hoje nós percebemos que existe uma inundação de estéticos e a sociedade, a mídia joga os pacientes para dentro de procedimentos estéticos muitas vezes supérfluos", avalia o cirurgião plástico Márcio Barretto em entrevista ao F5 News. 

"E como é definido se é supérfluo ou não? O quanto isso agrada, o quanto incomoda e o benefício que terá caso passe por um procedimento. O grande filtro é se realmente é preciso fazer isso, apesar de ser muito pessoal. Porém, hoje as pessoas estão indo para um procedimento de cirurgia plástica, às vezes múltiplos, sem uma consciência da necessidade e do impacto disso na vida delas”, completa.

Após a morte da influencer digital e assistente de palco Luana Andrade, de 29 anos, em decorrência de uma lipoaspiração no joelho no dia 7 de outubro passado, os riscos das cirurgias plásticas tornaram-se um dos mais comentados nas redes sociais. Em nota, o Hospital São Luiz do Itaim, em São Paulo, informou que a influencer faleceu após quatro paradas cardíacas e a causa foi embolia pulmonar maciça. 

Reprodução/ Metrópoles

“Quando as pessoas fazem lipoaspiração, um dos maiores e a possibilidade de levar um paciente para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e gerar o óbito é uma embolia pulmonar. É quando o sistema sanguíneo coagula, o sangue pode coagular dentro dos vasos sanguíneos, das veias. Esse sangue coagulado viaja por dentro dos vasos e vai até o pulmão, causando uma embolia pulmonar”, explica o médico Márcio Barretto.

Além do desejo de aumentar, diminuir ou reparar alguma questão física, entender como funciona, os cuidados e os riscos devem estar atrelados não só à cirurgia, como também durante o pré-operatório. Segundo o cirurgião plástico, essas práticas são capazes de diminuir as chances de complicações durante a cirurgia. 

“São quatro cuidados que nós temos que ter para prevenir situações graves. A deambulação precoce, o paciente tem que andar ou no mesmo dia ou imediatamente no dia seguinte. Quanto mais deitado e repouso fizer, pior. O uso de uma medicação injetável faz com que o sangue fique mais fluido, impedindo o coagulamento dentro dos vasos. O cuidado durante a cirurgia e na internação, deve haver uma compreensão repetitiva, sendo ela manual ou automatizada por aparelhos de onde essas tromboses acontecem mais, que é na panturrilha. O último cuidado que eu uso em todos é o uso da meia antitrombótica, que é a meia de compressão que eu uso no intraoperatório”, disse Barretto ao F5 News.

“Ultimamente estamos fazendo menos intervenções múltiplas. Há cinco anos ou oito anos, era moda fazer lipoaspiração, mama e abdômen. Três cirurgias de médio para grande porte, levando a cirurgias de até 12 horas. A primeira coisa que temos que fazer para uma cirurgia segura é reduzir isso, existem inúmeras publicações que colocam cirurgias até seis horas em pacientes saudáveis como seguras de se fazer”, completa.