Conheça histórias de quem deixou o cigarro no passado
De decisões repentinas às mais pensadas, esse caminho costuma ser árduo Cotidiano | Por F5 News 31/05/2024 18h30 |O uso do tabaco é responsável pela morte de um em cada 10 adultos, segundo a Organização Mundial de Saúde. A OMS levanta ainda um dado alarmante, inclusive sob o ponto de vista dos direitos dos consumidores: o tabaco é “o único produto de consumo legal que mata até metade de seus usuários quando usado exatamente de acordo com as instruções do fabricante”.
A OMS aponta que a expectativa de vida de uma pessoa que faz uso recorrente de fumo é pelo menos 10 anos mais curta que a de não fumantes, registrou o portal Metrópoles, parceiro de F5 News, neste 31 de maio, Dia Mundial sem Tabaco. A data foi criada pela Organização Mundial de Saúde em 1987 para conscientizar quanto aos riscos do tabagismo à saúde – a “causa de morte mais evitável em todo o mundo”, conforme a entidade.
Deixar de fumar de vez não é, porém, uma decisão fácil de se levar a termo e as recaídas são familiares a muitos que tentaram. O vício em nicotina, não suprido, traz impactos físicos e mentais e, para além deles, o cigarro funciona para muitos como um ingrediente de sociabilidade, não raro acompanhado de uma cerveja.
Nesse caminho desafiador, a servidora pública de Aracaju Ana Maria Cardoso, 64 anos, passou por uma perda traumática e, movida pelo sofrimento, cometeu um excesso que acabaria se revelando proveitoso. “Descarreguei tudo no cigarro e me senti muito mal no outro dia, além do prejuízo financeiro”, contou ao F5 News.
A partir desse momento, ela disse a si mesma: “Eu não quero fumar nunca mais”, o que demandou muita força de vontade. “Pessoas fumavam perto de mim, eu não podia dar um gole de cerveja que eu já queria fumar, mas fui resistindo às tentações no decorrer dos anos”, completa, plenamente satisfeita com a decisão. “Hoje eu não gosto de estar perto de ninguém fumando, se a pessoa não puder sair, saio eu”, disse Ana Maria, livre do tabagismo há 26 anos.
A jornalista Cássia Santana deixou de fumar aos 27 anos, da maneira mais improvável possível: durante uma micareta no interior da Bahia e acompanhada de vários amigos e amigas tabagistas, da mesma faixa etária. Numa afronta óbvia à saúde, ela levava uma carteira de Marlboro de um lado e uma bombinha com remédio para asma do outro, também sempre à mão. Num rompante, tudo mudou, para melhor.
“Eu conversava com um grupo de amigos, sentados no meio-fio da calçada, aguardando a passagem do próximo trio elétrico. Olhei pra turma, todos também fumantes, e falei: a partir de hoje não fumo mais, enjoei. E todos riram”, contou Cássia ao F5 News.
“Dei o restante da carteira a uma das amigas fumantes. Com um sorriso largo, ela respondeu: ‘eba, amanhã vou ganhar uma nova carteira de cigarros, certa de que eu retornaria ao vício no dia seguinte’. Todos se enganaram e eu parei, sem precisar recorrer a nada”, completa a jornalista, que manteve um hábito muito menos danoso, o cafezinho. “Esse vício ainda cultuo até hoje. Mas o cigarro nunca mais me fez falta”.
O músico e publicitário Sidney Xambu se valeu de um substituto bastante recomendado nos círculos alternativos, digamos assim – o kumbaya. Trata-se de uma mistura de ervas que auxilia na transição para a privação de nicotina, mantendo, porém, os rituais associados às baforadas. Os blends de ervas são ao gosto de cada um, com base de camomila, por exemplo, e outras adições, entre as quais hortelã e erva-doce, dentre o vasto universo de ervas geralmente consumidas como chás. No caso do kumbaya, elas são fumadas. Os cigarros podem ser comprados prontos – a um custo bem maior – ou enrolados manualmente, inclusive com filtros vendidos em casas do ramo.
“Duas filhas me falaram disso e resolvi experimentar, inicialmente comprando o mix de ervas pronto, sem nenhuma nicotina. Não foi fácil porque eu gostava de fumar, e tinha o vício na nicotina, mas o fazer fumaça com o kumbaya distraía um tanto. Hoje eventualmente compro as ervas no mercado municipal e faço minhas misturas, mas mesmo o consumo desses cigarros sem nicotina reduzi bastante”, disse Sidney ao portal.





