Por Marcio Rocha

Delegado alega ser vítima de perseguição por ser líder sindical

O delegado da Polícia Civil de Sergipe, Jefferson Alvarenga, dirigente sindical, denunciou à reportagem F5 News que está sendo vítima de perseguição por parte da SSP, em virtude das ações da entidade, pelas denúncias realizadas sobre os problemas das delegacias do estado.

Jefferson disse ao F5 News que estava desenvolvendo suas atividades na 4ª Delegacia Metropolitana, no conjunto Augusto Franco, e foi comunicado que seria transferido para a Delegacia Plantonista, atendendo o pedido de outro delegado que solicitou a ida para a 4ª DM. Segundo ele, a transferência aconteceu após novas denúncias do Sindicato dos Delegados de Polícia de Sergipe (Sindepol) e da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol), mostrando os problemas nas delegacias.

“Eu trabalho em qualquer lugar. Pra mim não tem essa. Entretanto, a diretoria da Secretaria de Segurança Pública não está respeitando a lei que me dá o direito de inamovibilidade, por ser dirigente sindical. Há uma perseguição contra os sindicalistas da categoria. Entretanto, vou cumprir a determinação, mesmo sabendo que é contra a lei que me dá o meu direito.”, comentou.

O delegado será transferido sem a sua equipe de trabalho, como aconteceu anteriormente em sua transferência para a delegacia do município de Maruim, no início deste ano. O direito de inamovibilidade, que impede dirigentes sindicais de serem transferidos aleatoriamente e de local de trabalho não está sendo respeitado e Alvarenga questiona o argumento. Segundo ele, entre os argumentos está o indicativo que o trabalho na delegacia perdeu a qualidade no período em que comandou a 4ª DM. Jefferson se defende informando que as condições de trabalho são mínimas e insuficientes para o desenvolvimento das atividades.

“Na 4ª Delegacia, temos apenas dois policiais civis trabalhando, com uma estrutura terrível, muito ruim e com o xadrez superlotado de presos. Se nós investigamos e prendemos, como o trabalho é ruim? Nem mesmo poderei me mudar com minha equipe de trabalho. E tenho decisão favorável da Justiça para mim. A SSP não pode desrespeitar meus direitos enquanto representante de classe.”, disse o delegado, complementando que não houve interesse público na sua mudança.

O diretor da Coordenadoria das Delegacias da Capital (Copcal), delegado Flávio Albuquerque, em contato com F5 News, informou que a transferência de Jefferson Alvarenga para a Delegacia Plantonista está embasada na Constituição Estadual, na qual há um artigo que prevê o afastamento de líderes sindicais em tempo integral, num total de três representantes e outros seis em tempo parcial, com meio período de exercício das atividades laborais.

Flávio disse que a entidade sindical já possui os delegados afastados integralmente e Jefferson se enquadra na situação de afastamento parcial. Albuquerque destacou que a decisão judicial que impediu a transferência de Alvarenga para a Delegacia de Maruim, tratava apenas daquele episódio. Jefferson Alvarenga foi mantido na 4ª Delegacia e seguiu seu trabalho.

Os critérios de mudança de posto de trabalho para Jefferson, segundo o coordenador da Copcal, foram técnicos. Os pontos avaliados foram de interesse público e produtividade. Enquanto Alvarenga estava à frente da 4ª DM, no período de janeiro a julho de 2011, foram encaminhados 34 inquéritos com autoria definida. No mesmo período em 2012, com outra delegada titular e Alvarenga como adjunto, foram encaminhados 100 inquéritos. Com este argumento, o Conselho Superior de Polícia aprovou a mudança de Alvarenga para a Deplan e a ida do delegado Marcos Garcia para a 4ª DM.

“Os critérios foram técnicos e embasados em dados da coordenadoria de estatística e análise criminal. A produtividade de 2012 é bem maior que no ano passado. Por isso, foi votada e aprovada a transferência do delegado Jefferson. Não há descumprimento de nenhuma lei.”, concluiu.

Imagem: Arquivo