"Diversidade é um dos valores do Rotary”, diz presidente eleito da entidade | F5 News - Sergipe Atualizado

Entrevista
"Diversidade é um dos valores do Rotary”, diz presidente eleito da entidade
Mário César de Camargo participa de eventos alusivos aos 90 anos do clube em Aracaju
Cotidiano | Por Monica Pinto 29/06/2024 07h00 - Atualizado em 29/06/2024 07h43 |


Neste sábado (29) acontece às 17h a inauguração do Monumento ao Rotary, na avenida Rotary, na Praia de Atalaia, na capital sergipana. O evento celebra os 90 anos de instalação do Rotary Club de Aracaju, cujas atividades se iniciaram oficialmente em dezembro de 1934, sob a presidência do professor Manoel Franco Freire, à época catedrático do colégio Atheneu Sergipense.

Dando prosseguimento à celebração, a partir das 19h30, o Teatro Tobias Barreto será palco da solenidade de posse do governador eleito para o Distrito 4391 do Rotary International (2024/25), professor Jorge Carvalho do Nascimento, que atua nos estados de Sergipe, Bahia e Alagoas. Também serão empossados a equipe distrital, os governadores assistentes e os presidentes de seis clubes de Rotary aracajuanos

Os eventos contarão com a presença do presidente eleito do Rotary International para o biênio 2025-2026, o paulista Mário César de Camargo. O executivo é o quarto brasileiro a liderar a organização global e, nessa entrevista ao F5 News, fala dos serviços prestados por ela, algumas de suas metas e entraves aos trabalhos. Confira.

F5 News - Qual o maior desafio de presidir uma organização mundial, ainda mais diante de tantas especificidades nas demandas das populações dos países?

Mário César de Camargo - Nossa maior força, a ubiquidade, com a presença em 185 países e 33 regiões geográficas, é ao mesmo tempo um fator de complicação no processo decisório. Reunir 1,2 milhão de líderes mundiais, em 37 mil clubes no mundo todo, e apontar uma direção única, é o verdadeiro desafio.

Temos um conselho diretor de 17 representantes globais, que decidem o futuro da organização. Portanto, todas as diferenças culturais estão representadas nesse organismo, teoricamente vozes da diversidade do mundo atual.

O maior desafio é empreender as mudanças necessárias num porta-aviões desse tamanho. É muito mais lento e difícil de manobrar que uma lancha de alta velocidade, rápida e manobrável. A diversidade de opiniões, uma riqueza advinda da multiplicidade de pensamentos presentes no conselho, por outro lado, é um fator de impedimento de avanços estratégicos.

F5 News – Na prática, como isso se verifica?

Mário César - Por exemplo, a questão da diversidade, um dos cinco valores do Rotary, inclusive religiosa, cultural, étnica, de orientação sexual, é consenso entre países avançados, como Escandinávia e Estados Unidos.

Já nos países muçulmanos, a lei impede a livre manifestação de orientação sexual, sendo punido em alguns casos com a morte. É apenas um exemplo das múltiplas e complexas questões que envolvem o Rotary em nível mundial.

F5 News - O Rotary não é uma entidade ligada à política, mas seu trabalho muitas vezes supre lacunas deixadas pelos poderes públicos. Isso se aplica a todos os países ou as campanhas são de naturezas muito diferentes?

Mário César - O Rotary é político, não é partidário - político no sentido original da palavra, do grego “polis”, a gerência da cidade, da comuna. Tudo o que afeta o entorno do Rotary Club é objeto de sua atenção e seu trabalho. Isso vale para as pequenas e grandes aglomerações, e também para países.

Como negar que somos políticos se temos assinaturas de 89 rotarianos na Carta Constitutiva da ONU, em San Francisco, em outubro de 1945? Que temos hoje 31 representantes nos diferentes organismos da mesma ONU, ouvidores do Rotary nesses diferentes órgãos, como Unesco, Unicef e OMS?

O Rotary está sempre presente em situações de necessidade pública, como foi o caso das vacinas da Pólio no Brasil na década de 80, fornecidas pelo Rotary. Que depois foi encampada pelo programa de saúde pública dos governos brasileiros. O mesmo acontece hoje no Afeganistão e Paquistão, onde o sistema de saúde pública conta com investimentos da Fundação Rotária, inclusive no fornecimento de vacinas gratuitas pelos parceiros do Rotary. São os dois últimos países endêmicos com pólio, com 11 casos neste ano. É o programa corporativo do Rotary, nosso compromisso com as crianças do mundo. Começou em 1985 como desafio, com 1000 casos diários, e hoje estamos com 11 casos no mundo desde janeiro de 2024.

Há flexibilidade nos clubes para empreender os programas que considerarem prioritários, sempre com agenda positiva. Há 2300 clubes no Brasil, e a existência de um clube é justificada pelas ações voltadas às necessidades de cada comunidade.

F5 News - Aracaju tem seis clubes do Rotary e 90 anos de fundação do primeiro deles. Como o senhor avalia a participação rotariana do estado de Sergipe?

Mário César - Não tenho informações detalhadas a respeito das atividades dos Rotary Clubs de Sergipe, principalmente do clube original. Mas acredito que ao longo desses anos, o clube se sustenta por dois elementos, sem os quais ele morre: companheirismo e serviço.

Companheirismo é um dos cinco valores do Rotary, que mantém unida nossa população, representa conexões de negócios, de amizade. Mas não bastam para um clube; deve apresentar o elemento de servir, que justifica a existência do clube. Um clube que não tem projetos sociais é um clube com falta de propósito altruísta, que pode ser um perigo para a sua longa vida. Mas não deve ser um problema para um clube que celebra 90 anos. A longevidade é um atestado de atividade.

F5 News - O senhor é o quarto brasileiro nessa posição de liderança mundial rotariana, o que não é pouco. Alguma tese quanto ao porquê desse prestígio?

Mário César - Realmente, é uma honra. Antes de mim tivemos Armando de Arruda Pereira, paulista, em 1940-41; Ernesto Embassahy de Mello, niteroiense, 1975-76, e Paulo Viriato Correa da Costa, santista, de 1990-91. E agora eu, de Santo André, do ABC paulista. Minha ambição é ser uma fração do que foram meus antecessores.

Ser o quarto brasileiro em 120 anos do Rotary representa grande responsabilidade. Acho que eu estava sintonizado, por ter sido curador em 2015-19 e diretor em 2019-21, com a pauta atualizada do Rotary, e suas necessidades de mudanças, que no meu entendimento são prementes.

Há grandes rotarianos brasileiros que poderiam ter alcançado essa posição, o José Alfredo Pretoni, de São Paulo, o Antonio Hallage, de Curitiba, dois grandes professores do Rotary no Brasil, inclusive meus mestres.

Mas tive o apoio da comissão de indicação, que reconheceu a oportunidade de ter um brasileiro depois de 34 anos do último. Ajuda o fato de eu ser poliglota em 6 línguas, ter vivido nos EUA e Alemanha; muitos rotarianos me consideram um cidadão do mundo, aberto à uma agenda global. O prestígio não é meu, é do Brasil.

Confira algumas informações sobre a entidade extraidas de seu portal:

  • O primeiro Rotary Club foi fundado em 1905, em Chicago, nos EUA.

  • Há mais de 12 mil Núcleos Rotary de Desenvolvimento Comunitário (NRDCs) em 105 países; 

  • É formado pelos Rotary Clubs, o Rotary International e a Fundação Rotária.

  • 88% dos fundos são utilizados para financiar e operar diversos programas.

  • Em 2023, a Fundação Rotária dedicou fundos específicos para ajudar a população afetada pelas inundações no Paquistão, guerra na Ucrânia e terremotos na Turquia e na Síria. No total, foram fornecidos US$ 14,8 milhões em Subsídios para Assistência em Casos de Desastres.

  • Estima-se que 5,9 milhões de crianças menores de cinco anos morrem anualmente devido a desnutrição, falta de assistência médica e condições precárias de saneamento – problemas que podem ser completamente evitados. Por isso, o Rotary proporciona assistência médica de alta qualidade a mães e filhos em condições vulneráveis para que possam viver mais e crescer mais fortes.

 

 

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