Por Fernanda Araujo

Falta de insumos para esterilizar materiais do Huse preocupa MPE

Problemas na estrutura e ausência de reagentes e insumos da Central de Materiais Esterilizáveis (CME) do Hospital de Urgência de Sergipe, responsável pela validação de esterilização dos materiais, preocupa o Ministério Público Estadual. Em audiência na Promotoria de Saúde, nesta quarta-feira, 2, foi informado pela responsável técnica da CME, Loélia Andrade, que atualmente há reserva, mas não garante a utilização para a próxima semana.

“Se não tivermos os insumos, a partir da próxima semana, eu não serei a responsável pelo processo de esterilização e validação dos materiais. O processo de esterilização inadequado poderá provocar infecção nos pacientes, notadamente o paciente de órtese e prótese”, disse Loélia Andrade em audiência.

De acordo com a promotora Euza Missano, os materiais estão sendo esterilizados, porém, não há uma confirmação de que, de fato, houve a esterilização, o chamado teste biológico, importante para a validação de todo o processo de esterilização dos materiais que são utilizados pela equipe de cirurgia.

Por causa do volume de materiais processados para esterilização são feitos dois exames por semana. Entretanto, diante da retirada da incubadora da CME, apenas um exame foi realizado, o que deveria ter sido dois, segundo informação da responsável técnica. A promotora Euza informou ainda que “o quantitativo de reagente para a realização disso só pode ser feita até terça-feira. E a informação que temos é que no almoxarifado do Huse não há mais materiais a serem disponibilizados e a empresa que foi contratada já deveria ter entregado os materiais”.

Diante a gravidade do problema e a preocupação de que falte reagentes nas próximas semanas, podendo gerar indício de contaminação nos materiais, o MPE poderá mover ação contra Fundação Hospitalar de Saúde para que seja encontrada uma solução adequada para o caso da possibilidade de ausência de reagentes e insumos e principalmente por questões estruturais da própria Central de Materiais Esterilizáveis do Huse. “Nós oferecemos a oportunidade de estabelecimento de prazo para a chegada desses insumos, para que não faltem condições de assistência, mas, infelizmente, como não houve essa possibilidade iremos judicializar a matéria”, resume.

Laboratório Huse

O juiz substituto Nelson Humberto Madeira da Silveira, aprovou a decisão do Ministério Público em determinar que o Estado de Sergipe e a Fundação Hospitalar de Saúde garantam no prazo de 90 dias a conclusão das obras do laboratório do Huse estagnada desde agosto de 2008.

Com base na denúncia do Sindicato dos Técnicos de Laboratórios do Estado de Sergipe (Sintelab), em novembro de 2010, no relatório da Vigilância Sanitária Municipal e informações que foram prestadas por representantes do Huse e da própria FHS, foram constatadas a ausência de reagentes para a realização de exames e local inapropriado para manutenção do laboratório, que está sendo usado em lugar improvisado. O juiz determina também, no prazo de 15 dias o completo abastecimento do laboratório com todos os materiais básicos para garantir a realização de todos os exames e procedimentos cirúrgicos. Caso descumpram, os réus deverão pagar multa diária de dez mil reais.