HIV: entenda por que o termo "carimbadores" é considerado pejorativo | F5 News - Sergipe Atualizado

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HIV: entenda por que o termo "carimbadores" é considerado pejorativo
Jornalista critica a utilização de termos sorofóbicos em relação ao caso de Carolina Hora
Cotidiano | Por F5 News 10/06/2024 15h58 - Atualizado em 10/06/2024 16h27 |


O jornalista sergipano Saullo Hipólito, que vive com HIV e mantém uma página no Instagram (@infoposithivas) sobre o vírus, criticou a utilização de termos sorofóbicos na cobertura midiática em relação ao caso de Carolina Hora, a jovem de 20 anos, que relatou ter sido vítima de uma agulhada durante um show no Arraiá do Povo, em Aracaju (SE). Ele também destaca a importância de atualizar terminologias para evitar discriminação e apontou que o acolhimento de qualidade e informações precisas são essenciais para tratar casos como o de Carolina.

Saullo explicou que o termo "carimbadores" é extremamente pejorativo e contribui para o estigma contra pessoas que vivem com HIV. "A terminologia 'carimbadores' é advinda do século passado e foi usada como gíria estigmatizante de pessoas que viviam com HIV e passavam o vírus para outras pessoas. Usar tais terminologias reforça ainda mais o preconceito contra quem vive com o vírus", afirmou.

Ele também criticou o uso do termo "contaminar", preferindo "infectar", e destacou a importância de atualizar terminologias para evitar discriminação, especialmente na imprensa: "O perfil @infoposithivas tem constantemente atualizado terminologias, para que evitemos tais situações, principalmente no Jornalismo", comentou.

Para Saullo, a melhor maneira de abordar casos como o denunciado por Carolina Hora é com acolhimento de qualidade e informações precisas. "Acolhimento de qualidade é o mais importante. Esses profissionais devem estar preparados e aptos para tranquilizar qualquer pessoa que passe por tal situação", disse.

O jornalista, que já atuou no F5 News, também comentou sobre uma reportagem de 2015 que popularizou o termo "carimbadores" em um veículo de comunicação brasileiro: "Em 2015, um grande programa da televisão brasileira promoveu uma reportagem e acabou utilizando a palavra 'carimbadores' para os homens entrevistados. Isso só massificou a história e aumentou o estigma", disse.

Saullo enfatizou a necessidade de tratar a informação com responsabilidade e respeito. "Se deixarmos de proliferar notícias tendenciosas, sem o mínimo de pesquisa ou investigação, já estamos fazendo muito. Mas o papel do jornalismo ainda é promover reportagens que ajudem a sociedade, e que essa seja uma delas", comentou.

Em relação ao incidente no Arraiá do Povo, Saullo sugeriu medidas para garantir a segurança dos participantes e combater fake news. "A informação é a chave de tudo. Se tivermos pessoas e comunidades educadas sexualmente, a chance de informações como essa se espalharem será menor", afirmou.

Saullo aconselhou que qualquer pessoa que acredite ter sido vítima de uma perfuração com seringa em um evento público deve procurar atendimento médico imediato para avaliação e possível administração da Profilaxia Pós-exposição (PEP). "Buscar o posto, a unidade, ou qualquer local que possa ser atendido é o primeiro caminho. O profissional vai fazer o teste para algumas ISTs e avaliar se é necessário passar a PEP", explicou.

Ele destacou que, embora um ferimento com agulha possa ser uma via de transmissão do HIV, para que a transmissão ocorra, o sangue da seringa deve ter tido contato com uma pessoa infectada momentos antes da picada na vítima. "É impossível que uma pessoa ande com uma seringa em uma festa e saia transmitindo o HIV", concluiu.

E ainda mencionou a relevância de iniciativas municipais para capacitar profissionais de saúde. "Ainda percebemos muita discriminação dentro de ambientes que deveriam ser de acolhimento e, realmente, espero que esse acolhimento seja enfatizado nessa atualização", disse.

Entenda o caso

Na última quinta-feira (6), Carolina Hora esteve no Arraiá do Povo, em Aracaju (SE), e relatou em suas redes sociais que recebeu uma agulhada durante o show de Solange Almeida. Em seu depoimento, Carolina fez um alerta sobre a segurança em eventos públicos.

Edição de texto: Monica Pinto
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