Idosos estão mais ativos sexualmente e vulneráveis a Aids, diz médico
Cotidiano 30/01/2012 15h10 |Por Fernanda Araujo
José Almir Santana nasceu em Aracaju (SE) no ano de 1953. Em 1981 se formou em medicina pela Universidade Federal de Sergipe com especialização em Saúde Pública e há 24 anos foi o primeiro médico a aceitar atender pacientes com HIV/Aids em Sergipe. Hoje é responsável por coordenar o Programa Estadual de DST/Aids desde 1987 e é professor de Biologia desde 1982. O médico concedeu entrevista ao F5 News sobre a Aids na terceira idade e avaliou que o caso da doença tem se alastrado na vida dos idosos.
F5 News– Há grande incidência da Aids na terceira idade?
José Almir Santana– O crescimento da população idosa no Brasil e no mundo é algo presente nas estatísticas demográficas. Neste contexto emerge a Aids, cuja tendência mostra que o número de idosos infectados pelo HIV está aumentando, principalmente devido a vulnerabilidade física e psicológica, além da invisibilidade com que é tratada sua exposição ao risco, principalmente por via sexual.
F5 – Quais as evidências que correspondem a esse aumento?
Santana– Os dados mundiais evidenciam aumento dos casos notificados de Aids na terceira idade. Existem duas situações distintas nesta população idosa: aquelas pessoas que se infectaram na terceira idade e as que estão envelhecendo e já eram soropositivas pois, devido ao sucesso da terapia antirretroviral (popularmente denominado de “coquetel”), as pessoas estão tendo uma melhor qualidade de vida. A situação da Aids em Sergipe, até o mês de dezembro/2011 é a seguinte: foram notificados 2.857 casos de Aids ( 2.771 adultos e 86 crianças) e 934 óbitos. A faixa etária mais atingida não corresponde à terceira idade: de 20 a 29 anos – 25,95%, de 30 a 39 anos – 40,64% e de 40 a 49 anos – 21,44%. Dos 2.857 casos notificados, temos 70 na faixa etária acima de 50 anos.
F5 – Sabemos que o uso do remédio para impotência contribui para o aumento de idosos com vida sexual ativa. Isso pode acarretar em mais casos dessa e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis?
Santana– Os idosos melhoraram a qualidade de vida. Consequentemente, o desempenho sexual também melhorou. A disponibilização, para os homens idosos, dos medicamentos para disfunção erétil e para as mulheres, da reposição hormonal, contribuíram para o aumento nas relações sexuais na terceira idade. O grande problema é incorporar o uso da camisinha nesse novo comportamento. Por falta de hábito, muitos rejeitam o uso do preservativo, tornando-se vulneráveis ao HIV e às outras Doenças Sexualmente Transmissíveis.
F5 – Os idosos estão mais ativos sexualmente?
Santana– Houve grande mudança no comportamento sexual. Existem idosos adotando o comportamento dos adolescentes: o “ficar” isto é, relacionamento sem compromisso, aumentando as relações sexuais ocasionais. Infelizmente, nem sempre tais relações sexuais são protegidas (com camisinha). Duas novas medidas são importantes para a prevenção da infecção pelo HIV e outras DST na terceira idade: a camisinha feminina e o gel lubrificante. Entretanto, não estão facilmente disponíveis.
F5 – Como os idosos podem viver bem mesmo sendo portador dessa doença?
Santana– Nos últimos 30 anos desde a descoberta do vírus, muito se evoluiu em tratamento. Hoje, apesar de ainda não haver cura, é possível viver com qualidade de vida e até envelhecer com o HIV. É importante, para a qualidade de vida de quem vive com HIV, o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico. Nem todos que têm HIV evoluem até chegar à AIDS (estágio mais complicado, quando as doenças oportunistas se manifestam). Por outro lado, pacientes idosos com HIV exigem cuidados especiais.Nas pessoas com mais de 65 anos e que são HIV positivo vivem um grande risco de contrair outras doenças não relacionadas ao HIV ou à AIDS, mesmo que estejam tomando medicamentos antirretrovirais.
*José Almir Santana recebeu prêmio em 2009 pela grande trajetória de luta contra a Aids e chegou a ser um dos selecionados pela revista “AZT – a vida continua”, lançada no mesmo ano pelo Ministério da Saúde, visando a campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids. Onde, entre 13 histórias reais de superação ao preconceito e às dificuldades, ele conta as suas experiências no convívio com os pacientes vítimas da HIV/Aids.


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