MST ocupa fazenda de ex-vereador investigado por fraudes no INSS em Sergipe
Mais de 150 famílias estão na área de 170 hectares em Cristinápolis; imóvel pertence ao ex-vereador Alexsandro Prado Santos, preso na Operação Sem Desconto Política | Por F5 News 29/09/2025 16h10 - Atualizado em 29/09/2025 17h05 |Mais de 150 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupam, desde o dia 21 de setembro, uma fazenda localizada no povoado Tabela, em Cristinápolis, município a 115 km de Aracaju.
O imóvel, de 170 hectares, pertence ao empresário Alexsandro Prado Santos, conhecido como “Lequinho”, ex-vereador de Umbaúba e investigado pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto — ação que desmantelou um esquema bilionário de fraudes em descontos ilegais de benefícios previdenciários do INSS.
Ele foi preso no mês de abril, quando agentes estiveram na residência do ex-parlamentar e apreenderam veículos e equipamentos eletrônicos. Inicialmente, ele não foi localizado, mas se entregou à polícia horas depois. Além dele, outras três pessoas ligadas ao seu círculo foram presas.
De acordo com as investigações, Lequinho e seu sócio, Sandro Temer de Oliveira, teriam criado associações usadas para receber cerca de R$ 300 milhões em contribuições feitas sem autorização, com assinaturas falsificadas. O dinheiro era então repassado a empresas em nome de laranjas.
Em nota, o MST afirmou que a ocupação tem como objetivo reafirmar a luta pela reforma agrária e denunciar as contradições no campo brasileiro. “A ocupação denuncia, de forma contundente, uma das maiores contradições do Brasil: terras férteis e improdutivas seguem ligadas a esquemas ilegítimos, enquanto cresce a fome e a exclusão social”, diz o texto.
Segundo o movimento, a ação simboliza uma resposta concreta contra a concentração fundiária e a desigualdade no campo.
Debate na Câmara de Aracaju
O episódio também repercutiu na Câmara Municipal de Aracaju, onde vereadores se dividiram em relação à ocupação.
O vereador Camilo Daniel (PT) defendeu a ação do movimento e destacou a importância da luta pela reforma agrária.“Senhor presidente, quero aqui parabenizar o Movimento Sem Terra por lutar por reforma agrária, por justiça e por democracia no campo. Parabéns ao Movimento Sem Terra. Vida longa ao Movimento Sem Terra, presidente”, disse.
Já o vereador Lúcio Flávio (PL) criticou a postura do colega e classificou a ocupação como invasão de propriedade privada. “Quero registrar minha surpresa em ver um vereador celebrar uma invasão a uma propriedade privada. Não importa se o dono foi preso ou investigado, existe a Justiça para tratar disso. Não somos polícia para tomar o que é dos outros. É lamentável ouvir esse tipo de fala no plenário da Câmara. Celebrar uma invasão seria o mesmo que oferecer o próprio apartamento para ser invadido”, afirmou.
As manifestações refletem o embate político em torno do tema da reforma agrária, que historicamente divide opiniões entre diferentes correntes ideológicas.
O F5 News não conseguiu localizar a defesa do ex-vereador. A redação segue à disposição pelo e-mail jornalismo@f5news.com.br.
Com informações da Carta Capital e da assessoria de comunicação do MST.





