Sergipano relata como perdeu restaurante por causa de crise em Maceió
José Roberto tinha seu empreendimento no bairro Farol e hoje ganha a vida como Uber Cotidiano | Por Daniel Soares 02/12/2023 11h00 |A situação provocada pela crise do afundamento do solo em bairros de Maceió é grave. Vários deles foram afetados pela exploração de sal-gema em uma mina da Braskem e mais de 55 mil pessoas tiveram que deixar suas casas nos últimos anos. Além do medo de uma catástrofe, a crise também trouxe outras consequências diretas e indiretas na vida de milhares de moradores da capital alagoana.
Entre os afetados encontra-se o sergipano José Roberto dos Santos, de 58 anos, 28 dos quais morador de Maceió. Lá, ele montou um restaurante no Bairro Farol, vizinho ao Mutange, o de situação mais crítica. No entanto, a estratégia para obter seu sustento foi prejudicada pelos problemas gerados pela exploração do sal-gema.
"Houve uma explosão há uns seis ou sete anos e logo depois aconteceu o início deste processo de desabitação. Os clientes que eram dali da região sumiram, porque saíram todos. Perdi muitos fregueses com isso, pois o restaurante era mantido com a clientela formada pelos moradores próximos. É uma pena, porque era um bairro muito bom", disse ao F5 News.
Sendo testemunha da crise, José Roberto recorda as primeiras medidas adotadas, como a proibição do tráfego de veículos na região onde o solo apresentou instabilidade. Na sequência, o surgimento de rachaduras nas casas e edifícios e, ao fim, a retirada das pessoas. O esvaziamento populacional fez seu comércio sofrer dia após dia.
Com a chegada da pandemia, o restaurante em dificuldades não resistiu. O decreto de lockdown, que paralisou o mundo todo, atingiu em cheio o combalido empreendimento. "Minha única opção foi fechar as portas. Foi o final, mas a dificuldade começou mesmo com esse negócio da mina", assegurou José Roberto ao portal.
Atualmente morando no bairro de Antares, alguns quilômetros mais distante do local da crise, o ex-empresário agora ganha a vida atrás do volante, rodando diariamente como Uber. "Estou esperando as coisas melhorarem para poder voltar para a atividade que eu gosto", sonha o hoje motorista.Contudo, mesmo morando em outro local e com nova profissão, o drama do afundamento do solo na capital alagoana ainda lhe traz transtornos.
"Infelizmente, não é somente aquela região que foi penalizada. Todos aqui em Maceió foram atingidos. As pessoas que saíram daquela área se mudaram e fizeram o restante da cidade inchar", relatou ao F5 News.
"Além do mais, aqui é muito carente de vias de ligação de bairros para bairros. Isso prejudicou muito o trânsito, que ficou um caos em qualquer hora", completa o sergipano José Roberto dos Santos.





