Taxistas temem trabalhar no bairro Santa Maria
Dois taxistas foram assassinados em uma semana no bairro Cotidiano 18/10/2012 10h30 |Márcio Rocha
Após o assassinato do segundo taxista em uma semana no bairro Santa Maria, os profissionais do volante estão com medo de trabalhar na região. Com os assassinatos de Jorge Henrique dos Anjos Lima e Manoel Newton de Souza Messias, mortos a tiros no bairro, os taxistas deverão organizar uma manifestação para solicitar providências à Secretaria de Segurança Pública (SSP), a respeito dos riscos corridos por eles ao desenvolverem suas atividades no bairro.
De acordo com o taxista Herbert da Silva, o bairro tem um histórico de assaltos contra profissionais do transporte de táxis e do transporte coletivo, o que o leva a não aceitar corridas para a região.
“Marginais andam armados por todo lado no Santa Maria. Quando me aparece corrida para lá, eu recuso, pois temo pela minha vida. Já fui assaltado no local e permaneci preso por quatro horas no porta-malas do meu carro. Os ladrões levaram meu celular, meu dinheiro e até meu relógio. Do dia do assalto até hoje, não fui mais ao Santa Maria, pois é sinônimo de problema.”, comentou.
Mais taxistas concordam com o posicionamento de Herbert, também se recusando a prestar serviço na região. Alguns condutores negam transportar passageiros para outros bairros, além do Santa Maria.
“Eu não aceito fazer corridas para o Santa Maria, Coqueiral e São Conrado em hora nenhuma. Só no Santa Tereza que eu vou de dia, mesmo assim ainda verifico para onde a pessoa quer ir, para depois decidir se vou ou não. Essas áreas são ‘boca de 09’ (termo usado entre a categoria para definir zonas de assaltos). Conheço vários colega vítimas de assalto nesses lugares e recusar é o mecanismo que tenho para me proteger.”, disse o taxista José Carlos.
Para o taxista Luís da Cunha, conhecido como Nena Taxista, ex-presidente do Sindicato dos Taxistas, há uma ação policial que precisa ser intensificada. Segundo ele, há o mapeamento de locais onde há o maior índice de assaltos e pode se fazer uma fiscalização maior para evitar que a categoria sofra ações de violência por parte de ladrões.
“Espero que não seja uma tendência, que não voltem a acontecer assaltos e mortes sucessivas no Santa Maria, nem nas áreas de risco para a categoria. O sindicato deve ir cobrar mais ação da polícia. A Secretaria de Segurança Pública sempre nos recebeu e passou a agir de forma mais intensa na tentativa de diminuir o número de assaltos, mas sempre tem um ladrão aparecendo para fazer o mal. As áreas são mapeadas pela polícia, que pode agir. Vivemos um período mais sossegado durante alguns meses, mas agora estão voltando com tudo. Espero que os assaltos e mortes não se tornem uma constante no cotidiano da categoria.”, asseverou.
O problema da insegurança não é enfrentado apenas pelos taxistas regulares. Segundo o representante dos cooperados que fazem transporte alternativo no Santa Maria, Edílson de Jesus, o bairro é perigoso para qualquer profissional do transporte.
“O Santa Maria tá sem lei. Mataram um companheiro no feriado, agora mais outro pobre homem. Não temos como trabalhar com segurança. Sempre estamos com medo de sermos assaltados ou vítimas de violência. Trabalhamos com medo.”, reclamou Edílson.
O assessor de comunicação da SSP, Lucas Rosário, informou a F5 News que existe um trabalho desenvolvido pelo Comando do Policiamento da Capital, que possui as estatísticas de assaltos e realiza abordagens nos veículos e nos seus tripulantes. Os locais de maior ação de assaltantes são monitorados e contam com ações de equipes da Polícia Militar. A Polícia Civil desenvolveu várias investigações que resultou em prisões de assaltantes de taxistas frequentes e ocasionais. Segundo ele, as ações no bairro Santa Maria serão intensificadas, para promover uma melhor segurança para os profissionais do volante.
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