Com a chegada do novo coronavírus a outros países fora da China, principalmente aos da Europa, turistas já começam a rever os planos. No Brasil, em alguns estados já houve procura por cancelamentos e remarcações de viagens ao exterior, como para a Itália, por conta da proliferação da doença e alguns brasileiros citam dificuldades para negociar com as companhias aéreas, enquanto outros destinos são ofertados por agências de viagens. E neste cenário, no mercado financeiro houve ainda a disparada da cotação do dólar e do euro.

Com ações e bolsas de valores em queda diante da disputa de petróleo, hoje (11), conforme uma plataforma do Valor Econômico, o dólar comercial está custando R$ 4,69 e o dólar turismo é vendido a R$ 4,90; o Euro Comercial está em R$ 5,28 e o turismo a R$ 5,53. Na segunda (9) o dólar comercial operou em alta, vendido a R$ 4,72 e chegando a bater pela primeira vez R$ 4,79, e o do turismo a R$ 4,94; já o Euro comercial fechou em R$ 5,41. 

Na segunda-feira, as taxas de câmbio turismo do euro e do dólar em uma agência de viagens de Aracaju chegaram a R$ 5,70 e R$ 4,98, respectivamente. Hoje o dólar baixou para R$ 4,92 e o euro para R$ 5,56, referente ao turismo. Já no site Melhor Cambio, também no começo da semana, para o consumidor aracajuano, o dólar americano de turismo esteve em R$ 4,30 e o Euro turismo a R$ 5,39. Hoje, as taxas de câmbio permanecem as mesmas. Em outra agência, na capital, porém, atualmente o euro turismo está em R$ 5,51 e o dólar em R$ 4,91.

No entanto, apesar desse cenário adverso, algumas agências na capital sergipana afirmam que não houve cancelamento ou redução de viagens por conta do aumento do câmbio ou até pelo coronavírus. "A gente realmente não sentiu tanto esse impacto nas pessoas que já emitiram e compraram os pacotes. Aqui não temos sentido muito forte esses cancelamentos e remarcações", relata a diretora de uma agência de viagens, Cris Viana.

"Tivemos uma baixa ontem [do valor], mas isso não significa que ele vai baixar, acredito que estas duas moedas devem ter seus valores em alta nos próximos dias. Porém, isso não tem muita influência nas viagens, já que o dólar vem com tendência de alta desde o ano passado e já acreditávamos que ele chegaria próximo dos R$ 5 até junho, foi antecipado", avaliou o gerente comercial de uma agência de viagens, Reginaldo Oliveira, afirmando que o dólar em alta tem muito a ver com a política cambial adotada pelo Governo do que com a doença que está influenciando nas escolhas do destino.

Segundo Cris Viana, aqueles que desejam fazer a remarcação de viagens ao exterior podem procurar a agência que emitiu as passagens. "Nós faremos a negociação com a companhia aérea. A agência não está cobrando nada, ao contrário, estamos fazendo todo o possível para que não haja prejuízos por parte dos clientes", afirma. 

Apesar disso, a orientação para quem já teve sua viagem comprada e estava se precavendo com as compras do euro e do dólar é que continue a sua viagem normalmente. Aos que estão inseguros, Cris Viana informa que a agência está realizando orientações sobre o vírus e de como fazer a prevenção. "Quando a gente conversa com os clientes tem dado resultados positivos, não estão deixando de viajar", diz. 

Sobre as regras de remarcação para destinos afetados, as companhias aéreas, segundo as agências, têm facilitado o processo, remarcando sem multa para países como Itália, Japão  e China, algumas delas para embarques de até dia 15 e 31 de abril, exceto em destinos onde não existe alta proliferação do vírus.

"As remarcações estão sendo feitas pelas companhias. Em muitos casos os voos foram cancelados para vários destinos. Para destinos onde não existe alta proliferação do virus não existe remarcação sem custos. Todos os passageiros que têm viagem para os destinos afetados os bilhetes estão sendo reembolsados ou remarcados de acordo com as orientações de cada companhia aérea", explica Reginaldo. "Hoje não recomendamos viagens para Europa e Ásia", completa.

No site da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) é possível ter acesso às atualizações do mercado das políticas de companhias aéreas sobre cancelamentos, remarcações, reitinerações e restrições para entradas em alguns países.

Nesta quarta (11), o Ministério Público Federal (MPF) recomendou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que expeça ato normativo de modo a assegurar aos consumidores a possibilidade de cancelamento sem ônus de passagens aéreas nacionais e internacionais para destinos atingidos pelo novo coronavírus (Covid-19).
 

Foto: arquivo ASN