Leia-se antes que alguém tente fazer isso por você
Blogs e Colunas | Amanda Neuman 30/11/2025 21h00 - Atualizado em 30/11/2025 21h54Não foi de um dia para o outro que aprendi a me ler. Foi na prática e, às vezes, dói. Quase cinco anos de terapia me ensinaram que autoconhecimento não é um ritual, é trabalho de formiguinha. É perceber que meu silêncio fica mais longo quando estou processando alguma coisa. Que meu corpo sinaliza de outros jeitos, até com um cansaço que aparece do nada. Que tomo decisões rápido, mas antes preciso avaliar o impacto real delas na minha rotina e no meu emocional.
Essas coisas não aparecem num lampejo. Aparecem num “por que fiz isso de novo?”, que eu mesma respondo com sinceridade. Foi daí que surgiu essa ideia de manual. Não é um manual cheio de metáforas bonitas, mas aquele tipo de manual prático, com instruções reais: o que me acalma, o que me irrita, o que me faz travar, o que me deixa livre. O que eu preciso quando estou à beira do limite. O que eu jamais devo negociar comigo mesma.
Quando eu comecei a escrever esse manual interno, a vida ficou menos barulhenta. Bem longe de tudo ter se resolvido, mas eu parei de aceitar que outras pessoas me explicassem para mim mesma. Ninguém sabe o que acontece no meu corpo quando eu estou esgotada. Ninguém sente o aperto no peito que eu sinto quando ultrapasso meus limites. Ninguém tem acesso ao histórico completo.
Isso não é presunção. É autorresponsabilidade.
Quando você se estuda de verdade, você deixa de cair na conversa de quem acha que sabe o que é melhor para você sem ter vivido um dia na sua pele. Você escuta, claro. Filtra, absorve o que faz sentido. Mas não entrega a direção.
Meu convite para você é simples e direto: faça seu próprio manual. Liste o que te fortalece, o que te enfraquece, o que te faz sair dos trilhos, o que te traz de volta a eles. Observe seus padrões. Pergunte-se por que repete certas escolhas. Repare no que seu corpo diz antes da mente. E, principalmente, não tenha medo de se contrariar, é assim que o manual evolui.
Então, quando você finalmente passa a se conhecer de verdade, algo muda de lugar: suas escolhas ganham nitidez. Você para de andar por impulso e começa a caminhar por consciência. Isso basta para que ninguém mais tenha espaço para ditar como você deveria funcionar. O manual é seu.
O peso leve da coerência
O que aprendi tentando tanto
Jornalista (UNIT) há 10 anos, mestra em Comunicação (UFS), doutoranda em Sociologia (UFS), pesquisadora na área de redes sociais e influenciadores digitais, e mentora de marketing para empreendedores e Influenciadores. Na internet, como mulher plus size que descobriu o amor próprio e auto estima além dos padrões, compartilha sua vida e vivências com outras mulheres e as encoraja a se amarem como são.
E-mail: amandaneuman.an@gmail.com
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