Câncer de próstata: Prevenção avança, mas tabus persistem entre homens
Mesmo com maior visibilidade do Novembro Azul, muitos homens ainda adiam exames que podem salvar vidas Blogs e Colunas | Saúde em Dia 24/11/2025 15h38 - Atualizado em 24/11/2025 15h43Mesmo com os progressos trazidos pelo Novembro Azul, muitos homens continuam adiando exames essenciais para a detecção precoce do câncer de próstata. A médica oncologista Dra. Carmélia Barreto explica que os métodos de rastreamento estão cada vez mais precisos, mas o desafio maior ainda é romper barreiras culturais, emocionais e comportamentais que afastam os homens dos consultórios.
O diagnóstico precoce continua sendo a principal arma contra o câncer de próstata. Segundo a Dra. Carmélia, o rastreamento é baseado em dois exames complementares: o PSA, exame de sangue que mede o Antígeno Prostático Específico, e o toque retal, que permite avaliar tamanho, consistência e alterações suspeitas da glândula. “Para a maioria dos homens, esses exames devem começar por volta dos 50 anos. Porém, para aqueles que pertencem a grupos de risco — como homens negros, pacientes com histórico familiar, ou portadores de mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2 — a avaliação deve iniciar mais cedo, geralmente a partir dos 45 anos, de maneira individualizada”, lembra.
PSA: importante, mas não absoluto
Embora o PSA continue sendo uma ferramenta valiosa, ele não é um exame perfeito. Pode apresentar alterações por motivos que não estão relacionados ao câncer de próstata, como prostatite, infecções, hiperplasia benigna, relação sexual recente ou até prática intensa de ciclismo. Além disso, alguns tumores iniciais podem surgir mesmo com PSA pouco elevado.
Por isso, destaca a especialista, o resultado do PSA deve ser interpretado dentro de um contexto clínico mais amplo, sempre associado ao toque retal e, quando necessário, à ressonância multiparamétrica da próstata.
Quando a biópsia é indicada
Nem sempre o PSA dentro da normalidade significa ausência de risco. A biópsia pode ser recomendada em situações como nódulos identificados no toque retal, lesões suspeitas na ressonância, aumento progressivo do PSA ao longo dos anos ou presença de mutações genéticas relevantes.
“Um PSA normal isolado não exclui câncer de próstata quando outros elementos chamam atenção”, enfatiza a oncologista.
Fatores de risco e estilo de vida
A idade avançada continua sendo o principal fator de risco, especialmente após os 50 anos. Mas outros elementos merecem atenção, como histórico familiar, raça — com destaque para o maior risco entre homens negros — e alterações genéticas.
Há também influência do estilo de vida. Alimentação inadequada, sedentarismo e obesidade podem piorar o metabolismo, favorecer inflamação e contribuir para tumores mais agressivos. Dieta natural, exercícios regulares e controle de peso são medidas que ajudam na prevenção e no enfrentamento da doença.
“O câncer de próstata costuma ser silencioso em sua fase inicial. Quando há sintomas, podem surgir jato urinário fraco, dificuldade para urinar, aumento da frequência noturna, sangue na urina ou no sêmen. Em estágios avançados, dor óssea persistente pode indicar metástase. Sinais como sangue na urina, dor intensa, perda de peso inexplicada e cansaço extremo também exigem avaliação médica imediata”, comenta a especialista.
Avanços nos tratamentos garantem mais qualidade de vida
As opções terapêuticas estão cada vez mais personalizadas e incluem vigilância ativa, cirurgia, radioterapia, terapia hormonal, quimioterapia, terapias-alvo e inibidores de PARP — especialmente utilizados em pacientes com mutações como BRCA1 e BRCA2.
Mesmo com possíveis efeitos colaterais como disfunção erétil, redução da libido e incontinência urinária, técnicas modernas têm reduzido riscos. Protocolos de reabilitação sexual também ajudam a recuperar a qualidade de vida do paciente após o tratamento.
Novembro Azul: avanço importante, mas ainda insuficiente
Segundo a Dra Carmélia, a campanha Novembro Azul ampliou a visibilidade do tema em empresas, comunidades, clubes e na mídia. “Cada vez mais homens procuram orientação porque ouviram falar da campanha. Mas mesmo assim, quando comparado ao outubro rosa, percebemos um movimento mais timido e menos proativo. Como profissionais de saude, devemos ser os primeiros a quebrar estes tabus e fazermos chegar a informacao correta de prevencao a estes pacientes, acolhendo seus medos, angustias e fragilidades”, observa a Dra. Carmélia.
Ela lembra que os exames são rápidos, acessíveis e salvam vidas, especialmente quando o diagnóstico é precoce. Apesar dos desafios, os avanços na oncologia permitem que cada vez mais pacientes com câncer de próstata tenham sobrevida prolongada e com qualidade, com respeito ao estilo de vida de cada um.
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André Carvalho é jornalista há mais de 20 anos. Formado pela Universidade Tiradentes (Unit), possui especialização em Marketing pela Faculdade de Negócios de Sergipe (Fanese). Foi apresentador de programa de rádio e televisão, e atuou como assessor de comunicação de vários órgãos públicos e secretarias municipais e estaduais. Atualmente, é editor do Caderno Saúde em Dia.
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