Crônica Fasc 2022: O filho adotivo retornou à Cidade Mãe
Um olhar pessoal e emocionado sobre o Festival de Artes de São Cristóvão Entretenimento | Por Emerson Esteves 04/12/2022 13h30 |Desde 2016, tenho o prazer de morar e viver em São Cristóvão. Por quase dois anos, mais precisamente, tive a oportunidade de fincar raízes na cidade histórica. Muito longe do clima expansionista do Grande Rosa Elze ou do espaço de visitação nacional que é a parte alta da sede, onde se localiza a praça São Francisco, um patrimônio cultural da humanidade, foi na parte baixa da cidade que conheci a fundo a cultura e tradições do povo são-cristovense.
Foi próximo à enseada na estrada para Rita Cacete, que tive o primeiro contato do Festival de Artes de São Cristóvão com a percepção dos próprios moradores do município. “Vem muita gente de fora”, dizia um. “Um amigo meu vai estar vendendo queijada e outras comidas”, falava outro. E assim eu começava a perceber o que de fato o Fasc simbolizava para quem era da cidade.
Além de um potencial econômico, turístico e cultural que inclui ano após ano apresentações de grandes artistas nacionais e regionais, o Fasc sem dúvida alguma é uma memória viva para quem é de São Cristóvão.
Seja através de exibições de manifestações e tradições culturais como as caceteiras ou através do consumo do Pisa Macio, é inegável que o Festival mantém vivo no imaginário um pouquinho do que é ser de São Cristóvão.
Assim como estava viva em mim a sensação do trajeto até a Cidade Histórica, desde a plataforma lotada, aparentemente o aracajuano só tem a percepção da situação quando vai ao Fasc - “Por que o ônibus demora tanto?” e “Não sabia que São Cristóvão era tão distante” podiam ser ouvidos.
As placas ao longo do caminho avisavam: O Fasc está de volta para sua 50ª edição. E a cidade pulsa o Fasc, porque o Festival é São Cristóvão. A cidade que mantém viva sua história através das construções e edifícios de séculos atrás, tem também uma ferramenta de resistência e de memória invejável.
O contemporâneo e o histórico dividem espaço nas ladeiras da cidade alta. A Praça São Francisco, que recebe o palco principal - neste ano chamado de Gal Costa - se impõe. Tudo soa como um convite para que experiências sejam vividas. O sentimento não é de isolamento, muito pelo contrário, é de reunião. Celebração.
Muito obrigado, Fasc.
Muito obrigado, São Cristóvão que, como uma mãe ancestral, acolhe, cuida e te alimenta com esperança, amor e sonhos.
Me leve pra bem longe em outro mundo
Só você pode levar
Velho, grande pisa, doce, amargo
Tanto faz eu tolerar
Canela, cravo e mel, limão, álcool
Pois me faça um favor
Me leve novamente com clareza
Onde só você me levou
Não importa se é calor ou frio
Desde que eu tenha o meu Pisa macio
Carmo, São Francisco, Matriz, Cristo
Tanto faz agente estar
O que importa que é muito longe
Onde ele vai me levar
Não importa se é calor ou frio
Desde que eu tenha o meu Pisa macio
THE BAGGIOS, Pisa Macio Interestellar.





