O piso do professor não pode ser visto para beneficiar o candidato João
Gualberto: “Não com olhos de quem quer derrotar nosso candidato” Política 26/08/2012 22h17 |Por Joedson Telles
Não foi gratuito que o líder do governo Marcelo Déda na Assembleia Legislativa, o deputado Francisco Gualberto, desapareceu do debate sobre a luta do Sintese para que o governo estenda os 22,22% de reajuste aplicados no piso dos professores a todos os educadores. Cansado de explicar que o governo não tem como arcar com os custos, Gualberto acredita que isso já está claro. Todavia, nas entrelinhas, diz que a insistência do Sintese pode estar ligada a outros interesses. “É preciso ver isso não com os olhos de quem quer marcar posição em uma eleição. Não com os olhos de quem quer derrotar o nosso candidato. Não com os olhos de quem quer detonar o nosso grupo para eleger alguém. Mas com os olhos de quem quer tratar o problema indo profundamente”, disse. Gualberto comenta ainda as declarações do candidato a prefeito de Aracaju pelo DEM, João Alves, sobre a Guarda Municipal. “Ele está fazendo apologia a algo pior do que a pena de morte: a execução”, afirma. A entrevista:
Como o senhor avalia o discurso do candidato a prefeito de Aracaju pelo DEM, João Alves Filho, que aponta como os maiores cabos eleitorais dele o governador Marcelo Déda e o prefeito Edvaldo Nogueira?
Eu tenho escutado alguns absurdos dito pelo ex-governador João Alves, inclusive cometendo crimes eleitorais claros. Estava em um blog na Internet que ele participou de uma palestra junto ao pessoal do comércio, e afirmou que, com ele prefeito, os guardas municipais vão fazer a segurança da população, e que aquele que matar um bandido será, automaticamente, promovido. A Constituição brasileira proíbe a pena de morte no Brasil. Ele está fazendo apologia a algo pior do que a pena de morte: a execução.
Num confronto com o guarda municipal x bandido, a história muda, não?
Uma coisa é um policial ou um guarda municipal em um conflito matar um marginal. Outra coisa é aquele que pretende governar uma cidade publicamente colocar que ele está fazendo apologia à matança, contrariando a Constituição Federal, e faltando com a verdade à população, porque o papel da Guarda Municipal não é esse. O guarda municipal não tem nenhuma carreira que, a cada assassinato que cometer, ele (o prefeito) o promova. Promover a Guarda Municipal dois, três, quatro? A gravidade da declaração é a apologia à matança. Significa dizer que ele pensa em implantar em Aracaju “a missão”, que implantou no Estado, através da Guarda Municipal. Chega a ser um desequilíbrio mental. Uma infelicidade grande demais para alguém que pretende governar a capital. Eu fiquei assustado com esse desequilíbrio absoluto e com essa declaração perigosa, que não cabem no momento atual nem em Aracaju, nem em Sergipe e nem no Brasil. Nós temos que exigir combate a violência, mas no estado de direito. De acordo com a Constituição Federal um governante incentivar um agente público a matar pessoas, fazer apologia, e afirmar que matar um bandido será promovido? Depois dele dizer isso, eu fico até triste em tecer mais comentários a respeito desse candidato. Não bastasse esse devaneio, a inverdade colocada de forma tão absurda vai desmoralizá-lo. Em outra entrevista, ele disse que, caso ganhe a prefeitura, o cidadão de Aracaju que for atendido pelo médico, no mesmo dia, fará todos os exames. Nem no mais avançado lugar do mundo é possível fazer esse atendimento.
O senhor não acredita no candidato?
São inverdades tão deslavadas que eu não acredito que a população de Aracaju não acorde para ver esse tipo de declaração. Só quando vai para a urgência é que o cidadão é atendido pelo médico e faz alguns exames. Vai em um estado crítico para um atendimento de emergência chega a um hospital de urgência e ali mesmo o médico tem que fazer alguns exames para saber o que vai fazer. Alguém que pretende governar a capital vender ilusões assim? Isso é estelionato. Ele está construindo um estelionato político. Se o nosso candidato dissesse isso eu reprovaria. É preciso melhorar a saúde, trabalhar para que o atendimento seja mais rápido, é preciso fazer novos investimentos, é possível buscar o melhor, mas zombar da população?
O governador Marcelo Déda e o senhor já explicaram que o governo não tem como atender o pleito do Sintese. Falta bom senso para compreender isso?
Eu não estou fazendo debate sobre esse tema. Estou calado, porque sou a favor do piso. Sempre fui antes dele existir. Estou num governo que, em 2009, pagou a lei do piso. Em 2010, sem nenhum problema, pagou o piso. Em 2011, fui tocado fogo junto com meus companheiros (deputados) e com o governador apenas porque não tinham dinheiro para pagar o piso de uma vez e o governo parcelou, uma parcela está sendo pago esse mês, e o Estado foi para o limite prudencial. Todo mundo tem as informações. Se tem alguém querendo fazer sangria política do governo, principalmente, num período eleitoral, mesmo sabendo que não tem qualquer possibilidade de ser pago o índice desejado, é um problema de cada um. Não quero nem comentar.
O governo não tem mesmo como pagar. É isso?
Posso dizer que não tem nenhum estado brasileiro que pague esse índice. Estava tramitando no Congresso Nacional piso para os policiais militares, piso para os médicos, piso para os enfermeiros. Essa discussão está parada porque está provado que apenas aprovar um piso no Congresso Nacional e mandar os estados pagar sem criar as comissões não funciona, e o exemplo está aí com os professores. É preciso ter uma nova mobilização na área da Educação, e de todos nós que defendemos a Educação pública para que o governo federal crie condições reais para que o Estado e o município possam pagar o piso. Nenhum Estado brasileiro que teria que pagar os 22,22% do piso pagou. Será que todo mundo está fazendo isso porque quer? A realidade não é essa. Tem que rever essa posição e conquistar uma nova etapa do piso, que é a União, concretamente, ajudar aos Estados e municípios.
Mas os Estados podem pedir ajuda ao Governo Federal, caso não consigam pagar o piso...
Hoje, a lei diz que aquele Estado e aquele município que não poder pagar o piso terá a complementação do Governo Federal, só que eu não conheço nenhum município que tenha conseguido. Nenhum Estado que sequer reivindique, porque as exigências já barram até a reivindicação, imagine a execução disso. É preciso ver isso não com os olhos de quem quer marcar posição em uma eleição. Não com os olhos de quem quer derrotar o nosso candidato. Não com os olhos de quem quer sangrar seu próprio projeto. Não com os olhos de quem quer detonar o nosso grupo para eleger alguém. Mas com os olhos de quem quer tratar o problema indo profundamente como eu. Se aprovar mais um piso, que não vai acontecer, para outra categoria, pode ter certeza que vai ser mais um conflito jogado para os municípios.
Como assim?
Se você me deve R$ 50,00 e não tem como pagar, como é que eu faço? Na questão privada, você toma um empréstimo e faz um remendo. Na questão pública só pode pagar com dinheiro público, e tem regras. Só pode gastar o que a Lei de Responsabilidade Fiscal diz que pode, sob pena de prejudicar toda a sociedade, inclusive com pena de perder o cargo. Eu estou evitando essa discussão porque percebo que as coisas já estão indo para mesquinharia. Vou me manter como defensor do piso, o governador sempre foi defensor do piso, mas não posso fugir da verdade. Não tem como esse Estado ter R$ 150 milhões para cumprir esse índice, como outros não tiveram valores maiores ou menores, a depender do Estado, para fazer o mesmo. Todas as pessoas da sociedade foram atingidas por essa informação por um site, por um jornal escrito, por um rádio... isso não tem novidade mais. Não é à toa que o ex-governador diz que o maior cabo eleitoral dele é Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira, e aí tem muita gente desgastando Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira. Serve a quem isso? Aos nossos adversários. Nós estamos observando, mas não podemos proibir ninguém de agir assim. Qualquer pessoa percebe por menos enfronhada na política que seja.


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