Sem apelar para baixarias, Ana Lúcia rechaça violência contra mulher
Política 25/11/2014 16h23 |Por Joedson Telles
Sem precisar apelar para baixarias, a deputada estadual Ana Lúcia (PT) rechaçou veementemente a ideia de dar uma surra seguida de um banho sal em uma mulher que tentou casar em uma Igreja Católica, em Maceió (AL), sem estar usando calcinha. O castigo foi proposto pelo vereador Agamenon Sobral (PP) sob o argumento de a noiva aprender a respeitar a igreja. “Espero que a Câmara de Vereadores tenha uma atitude em relação a isso, porque o fato de uma mulher ter transgredido valores e normas convencionais da sociedade num recinto religioso, cabe à própria igreja convocá-la e buscar que ela resigne, porque está rompendo com valores da sociedade. A outra coisa é um parlamentar ir para tribuna dizer que uma pessoa deve ser surrada e depois tomar um banho de sal, com requintes de truculência”, lamentou.
Segundo Ana Lúcia, a mídia dá o maior espaço para a divulgação do fato, que passa como uma coisa neutra, mas é preciso observar que trata-se de uma autoridade ajuizando. “Aquelas pessoas que já receberam desde que nasceram uma negação violenta de direitos ou então de brutalidade, que independe da classe social, passa a ser certo porque é uma autoridade que está dizendo isso. Tem gente que sorrir, que acha que isso é certo, e a gente precisa pautar isso, mas tem que ter medidas para inibir isso, porque se não inibir fica sem limites, e se ficar sem limites cada vez mais se acentua a violência ao invés de conseguir atitudes e comportamentos de paz”, disse.
Ana Lúcia disse ainda que a paz no atual sistema é o povo começar a aprender a respeitar a diferença, as divergências. “Ter tolerância, ter argumento de disputa, e não desqualificação. Desqualificar com adjetivos e argumentos violentos não pode ajudar a combater a violência. Nós que representamos a população devemos ter muito cuidado com o que a gente diz porque vamos estar provocando uma coisa que só faz prejudicar a sociedade, que não ajuda a resolver o problema da sociedade. Isso é muito grave”, disse.
A deputado salientou que, principalmente a partir do governo Lula, as mulheres foram tomando coragem e estão denunciando a violência. Observou que, em 2013, forma quase 600 mil notificações das mulheres, e o maior índice é violência física. “São quase 60% das notificações para a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres. A violência psicológica também é muito forte, com cerca de 30%. Nós precisamos estar discutindo isso, hoje é dia do combate a violência contra a mulher. O homicídio é tão grande que virou feminicídio. É um fenômeno internacional do século XXI. As mulheres estão tomando coragem, rompendo barreiras e denunciando”, disse.
De acordo com Ana Lúcia, existe uma equivocada visão em certos homens como se fossem proprietário das mulheres. “O ciúme, a questão financeira, são vários fatores que contribuem para fortalecer essa visão masculina de violência, de propriedade, que também é uma visão do próprio sistema capitalista. É um sistema que estimula muito a aparência, não é o ser, é o ter, estimula o consumo, estimula através das músicas, das danças, da comunicação, seja através da televisão, estimula muito a violência. Inclusive estou com uma lei, e conclamei a presidência da Casa que priorize a aprovação dessa lei ainda nessa legislatura, porque a presidente e uma deputada, que proíba que o dinheiro público pague qualquer show que tenham músicas e letras que estimulem a violência, que estimulem o preconceito contra a criança, contra o idoso, contra o adolescente, contra o homossexual”, disse”, disse.


Já a despesa foi estimada em R$ 19,5 bilhões

O Projeto de lei é de autoria do vereador Pastor Diego, do União Brasil

PL foi aprovado em redação final pela Câmara de Vereadores


Despacho foi publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial