Febre, tosse e cansaço: o que está por trás da gripe que não passa
Onda de gripe atinge Aracaju e casos com sintomas prolongados preocupam especialistas Blogs e Colunas | Saúde em Dia 24/06/2025 09h17Nos últimos dias, Aracaju tem enfrentado uma verdadeira “onda de gripe”. Seja em casa, no trabalho ou entre amigos, é difícil encontrar alguém que não esteja gripado ou que não conheça alguém enfrentando os sintomas. A alta circulação de vírus respiratórios tem chamado a atenção não apenas pela quantidade de casos, mas também pela duração prolongada dos sintomas.
Tosse persistente, dor de garganta, congestão nasal, febre oscilante, mal-estar intenso e fadiga que parece não ter fim estão entre os principais relatos. Em muitos casos, a tosse pode durar de 7 a 10 dias ou mais, e o cansaço se arrasta mesmo após o desaparecimento dos demais sintomas.
Mas por que os sintomas estão tão prolongados este ano? A médica infectologista Dra. Mariela Cometki aponta que há vários fatores envolvidos, começando pela circulação simultânea de diferentes vírus respiratórios. “Temos influenza, rinovírus, adenovírus e até Covid-19 ainda circulando. Isso aumenta a chance de coinfecção — quando uma pessoa é infectada por mais de um vírus em sequência, o que prolonga os sintomas”, explica.
Além disso, a especialista destaca que algumas variantes dos vírus estão mais agressivas ou persistentes. “Cepa como a H3N2, do vírus influenza A, tem causado sintomas mais duradouros, mesmo em pessoas saudáveis. E o vírus da Covid-19, apesar de estar em baixa, ainda circula com variantes da Ômicron que, embora mais brandas, são mais persistentes”, alerta.
Outro fator relevante é a baixa imunidade da população neste período do ano. Com o fim do verão, noites mais frias, uso frequente de ar-condicionado e menor exposição ao sol (o que reduz a produção de vitamina D), o sistema imunológico tende a ficar mais vulnerável.
A médica também chama atenção para os riscos do uso inadequado de medicamentos. “O uso indiscriminado de antibióticos sem necessidade prejudica a microbiota intestinal e enfraquece o sistema imune. Da mesma forma, o uso precoce de corticoides pode atrapalhar a resposta do organismo e atrasar a recuperação”, afirma.
Mesmo após o fim da infecção, muitas pessoas continuam apresentando sintomas. Esse quadro pode estar relacionado à chamada inflamação pós-viral, em que o organismo permanece reagindo ao vírus já eliminado, mantendo sinais como tosse, dores musculares e fadiga por mais tempo.
Diante desse cenário, a Dra. Mariela reforça a importância de fortalecer o sistema imunológico com uma alimentação equilibrada, sono de qualidade, hidratação adequada e, quando necessário, suplementação de vitaminas. Ela também alerta para os sinais que exigem atenção médica imediata: febre persistente, queda de saturação, dor no peito ou prostração intensa.
“Fique atento. Se os sintomas não melhorarem ou se agravarem, é fundamental procurar uma avaliação médica. E mais importante: evite a automedicação. Cuide do seu corpo e da sua imunidade”, conclui a infectologista.







André Carvalho é jornalista há mais de 20 anos. Formado pela Universidade Tiradentes (Unit), possui especialização em Marketing pela Faculdade de Negócios de Sergipe (Fanese). Foi apresentador de programa de rádio e televisão, e atuou como assessor de comunicação de vários órgãos públicos e secretarias municipais e estaduais. Atualmente, é editor do Caderno Saúde em Dia.
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