Conheça o ator sergipano Cael Benício da série Tremembé
Natural de Tobias Barreto, ele integra o elenco principal da nova produção do Amazon Prime Video e revela bastidores, desafios e inspirações na carreira Cotidiano | Por Gabriel Ribeiro 28/11/2025 15h52 - Atualizado em 28/11/2025 15h59 |Sergipe voltou a ocupar um lugar de destaque no audiovisual brasileiro com a presença do ator Cael Benício, natural de Tobias Barreto, na série “Tremembé”, uma das principais apostas do Amazon Prime Video para 2025. Integrando o elenco principal, o sergipano interpreta Mariano, personagem central da trama e marcado por profundidade dramática e desafios intensos.
A oportunidade para participar da produção surgiu por meio de um processo seletivo conduzido pelos diretores de elenco Anna Luiza, Alonso Zerbinato e Pablo Pegas. O ator passou por duas etapas de testes até receber a confirmação de que faria parte da obra. Segundo ele, a notícia trouxe uma mistura de emoção e alívio. “Entrei em catarse, fiquei extremamente feliz. Às vezes, essa perspectiva de se ver ocupando um espaço como esse parece distante da realidade, mas, quando acontece, nossa coragem interior se revitaliza”, relatou.
Na trama, Mariano é um condenado em regime semiaberto que vive em Tremembé e sai à noite para cursar faculdade. Além do desejo de reduzir sua pena por meio dos estudos e do trabalho ao ajudar um idoso, ele também vivencia conflitos internos envolvendo sua sexualidade, especialmente em sua relação com o personagem Terremoto.
Para dar vida ao papel, Cael buscou compreender a complexidade emocional e social de um homem inserido no sistema prisional. “Mariano tem uma narrativa intensa e carrega um caráter dramático muito forte”, explicou.
O ator contracena diretamente com Anselmo Vasconcellos e Miguel Nader, intérpretes de personagens centrais na narrativa de Tremembé. Cael destaca a parceria e o aprendizado ao lado dos colegas. “Estar ao lado de Anselmo foi uma das experiências mais bonitas que já tive na profissão. Nos bastidores, ele me dava aulas de cinema. Já com Miguel Nader, o processo foi intenso e profundo, nosso desafio era contar a história de Mariano e Terremoto em poucas cenas juntos”, afirmou.
Por se tratar de um true crime, a preparação exigiu estudo aprofundado. Cael baseou sua composição nos livros de Ullisses Campbell, além de contar com orientações das preparadoras Maria Laura Nogueira e Carol Fabri. “Foram peças essenciais no meu trabalho”, destacou.
Entre os aspectos que mais marcaram o ator durante as gravações está a necessidade de acompanhar o desenvolvimento emocional de Mariano fora da ordem cronológica da trama. “Como as cenas não eram gravadas em sequência, eu precisava compreender em que fase o personagem estava a cada dia. Sistematizar isso tornava o trabalho curioso e divertido.”
Nascido em Tobias Barreto e criado no campo, Cael afirma que suas origens influenciam diretamente seu imaginário artístico. “Carrego uma ancestralidade sertaneja que me permite criar narrativas. Ainda pretendo roteirizar e levar muitas dessas histórias para o cinema”, disse.
Ele também destaca o papel essencial do grupo Imbuaça na sua formação. Para o ator, a experiência no teatro sergipano foi o ponto de partida para sua jornada. “O Imbuaça foi o começo de tudo. Foi o impulso que me fez buscar outras linguagens. Quando decidi que queria fazer cinema, comecei a percorrer caminhos que me aproximassem desse desejo. Ao me formar, decidi me mudar para São Paulo.”
Pouco após a mudança, Cael recebeu o convite para integrar o elenco do filme Baby (2024), de Marcelo Caetano, exibido no Festival de Cannes. “Baby foi um presente, me senti muito honrado em fazer parte desse projeto logo na minha chegada.”
Cael ressalta que buscou humanizar o personagem, mostrando suas nuances e subjetividades. “Acredito que o público possa compreender de forma mais realista como é a vida dentro do sistema carcerário e como essas pessoas se comunicam e se relacionam entre si.”
Sobre o futuro, o ator afirma que deseja seguir atuando no cinema, mas com um olhar especial para sua região. “Tenho um desejo profundo de fazer cinema não apenas no eixo Rio–São Paulo. Quero fazer cinema no Nordeste, ao lado das minhas referências, e trabalhar em filmes sergipanos com profissionais por quem tenho imensa admiração.”
Com presença cada vez mais sólida em produções nacionais, Cael Benício reafirma o potencial do talento sergipano no audiovisual e destaca a importância de ampliar espaços e narrativas vindas do Nordeste para as telas do Brasil e do mundo.
