Grupo Tiradentes vai criar centro especializado em biocombustíveis e carbono zero | F5 News - Sergipe Atualizado

Sergipe
Grupo Tiradentes vai criar centro especializado em biocombustíveis e carbono zero
O centro temático SEVerde será implantado a partir de 2026, dedicando-se à pesquisa e desenvolvimento de novos combustíveis
Cotidiano 10/12/2025 14h03 |


O Ecossistema Tiradentes, formado a partir da junção entre a Universidade Tiradentes (Unit), o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), o Tiradentes TechPark (TTP) e o Tiradentes Innovation Center (TIC), preparam-se para lançar um novo espaço de ciência, inovação e desenvolvimento econômico: o Centro Sergipe de Combustíveis Verdes e Carbono Zero (SEVerde), voltado para pesquisas sobre hidrogênio verde, captura de carbono e biocombustíveis avançados, a partir de resíduos da agroindústria e de biomassa sergipana.

O centro temático será implementado ao longo dos próximos três anos, a partir do início de 2026, com financiamento de R$ 14,9 milhões em recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O projeto do Centro Sergipe foi o único projeto da área de transição energética a ser aprovado entre todas as regiões Norte e Nordeste dentro da Chamada Pública Centros Temáticos 2024, que incentiva a criação de centros temáticos de pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas para a ciência e a economia do país.

O objetivo do Centro Sergipe é impulsionar um novo ciclo de pesquisa aplicada em Sergipe, reunindo e desenvolvendo estudos sobre o desenvolvimento de combustíveis avançados, a produção do chamado “hidrogênio verde” e as tecnologias de captura de carbono, bem como o aproveitamento de recursos e resíduos naturais produzidos amplamente em nosso estado, a exemplo da biomassa produzida pela agroindústria. Alguns destes materiais já são estudados nos laboratórios da Unit e do ITP, como os resíduos do coco verde, o licuri (planta típica do semiárido nordestino) e lodos residuais provenientes de estações de tratamento de esgoto, os quais se destacam com fonte de biomassa.

“Na prática, nós vamos desenvolver e escalar tecnologias integradas para produção de combustíveis avançados, hidrogênio verde e mitigação de carbono, formando recursos humanos qualificados e apoiando a construção de marcos regulatórios, de modo a posicionar Sergipe como referência em energia de baixo carbono e bioeconomia”, destaca o professor Ranyere Lucena de Souza, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP/Unit), que está na coordenação do Centro.

Ainda de acordo com Ranyere, outro objetivo do SEVerde é unir a comunidade científica e o setor produtivo para que Sergipe, em matéria de recursos e insumos, possa se colocar como líder na produção de energia. “O próprio nome do Centro, remete diretamente a Sergipe, deixando explícito que o centro nasce ancorado no território sergipano e voltado às suas vocações e desafios. Isso ajuda a posicionar o centro como um ativo estratégico do Estado, não “apenas” de uma instituição. Além disso, trazer essa identidade territorial, por entender que a matriz energética do Brasil precisa ser diversificada nacionalmente e ser integrada com o seu território, ou seja, com a capacidade de cada região. Existe uma característica muito especial em Sergipe, que é a vocação para energias. Além das biomassas e do petróleo, a gente tem reservas de gás, um hub com potencial de produção de hidrogênio, bioeconomia etc”, afirma o professor.

Plantas-piloto

Um dos diferenciais, no âmbito tecnológico deste Centro, será a captura de gás carbônico (CO2). “A produção dos mais diversos tipos de biocombustíveis avançados é conduzida por uma ampla gama de processos. Invariavelmente, estes processos de transformação da biomassa em combustível, são responsáveis pela produção de uma grande quantidade de CO2, havendo, portanto, a necessidade de acoplar unidades para a captura de CO2”, detalha o professor, frisando que esta tecnologia pode contribuir para mitigar os efeitos do aquecimento global.

O SEVerde trará a instalação de plantas-piloto que servirão para o estudo e a produção destes combustíveis sustentáveis, permitindo a transição de processos laboratoriais para escala piloto e industrial, acelerando a inserção no mercado. “Esse nível de maturidade indica que o projeto está tecnicamente maduro e pronto para ser testado, o que reduz riscos de implementação e atrai investidores privados, aumentando significativamente a probabilidade de escalonamento e inserção em mercados reais”, afirma o professor.

A tecnologia já é desenvolvida em outras universidades e centros de pesquisa do Brasil e de outros países como EUA, Portugal e Canadá. A ideia é de que estas plantas, flexíveis e com capacidade de ampliar a escala de produção dos combustíveis, sejam construídas em áreas que sejam seguras, mas tenham visibilidade do público, inclusive com espaços e momentos de visitação pública e aprendizado para demonstrar como acontece o processo de produção daquele combustível.

“Ou seja, você pode ter uma uma refinaria cuja matéria-prima não é petróleo, e produzir a mesma gasolina que se usa no carro, o mesmo diesel nos caminhões. Hoje, o pessoal é capaz de produzir isso, e essa vai ser uma parte desse projeto. É a primeira vez que nós vamos ter uma planta-piloto aqui na casa, e vamos ter um avanço fora de série em termos de inovação”, resume o diretor acadêmico da Unit, professor Marcos Wandir Nery Lobão.

Conhecimentos integrados

O centro temático terá uma forte atuação dos programas de pós-graduação stricto sensu da Unit. Um deles é o próprio PEP, cujos professores já conduzem pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de combustíveis a partir de diversos materiais, em parceria com equipes e laboratórios do ITP. "O nível de excelência das pesquisas desenvolvidas no PEP, concentrada na transformação de recursos minerais e energéticos, com foco em processos e tecnologias para biocombustíveis e sustentabilidade, foram fundamentais para considerar a solicitação da infraestrutura piloto proposta para o Centro”, destaca o professor Ranyere.

No entanto, as outras áreas de conhecimento e atuação também estão envolvidas no projeto do SEVerde. Isso acontece a partir de uma equipe técnica formada por 10 pesquisadores ligados aos cinco programas em funcionamento atualmente na Unit.

“O projeto conseguiu organizar e abranger o pessoal de várias áreas. Tem o pessoal de Biotecnologia [PBS], o de Direitos Humanos [PPGD] que vai trabalhar com a parte de legislação, dos marcos regulatórios relacionados à produção de óleo, e ajudar a construir algumas realizações propícias para que o mercado funcione. Porque quando o mercado é regulado, ele gera oportunidades. O programa de Educação [PPED] entrou também para capacitar as empresas, os nossos alunos e os nossos egressos para entrar nesse mercado e nesse novo mundo. Todos os nossos doutores que quiseram participar tiveram espaço, têm recursos e têm atividades dentro desse projeto”, adianta Marcos Wandir.

Ranyere acrescenta que os alunos de graduação em iniciação científica vão se beneficiar da infraestrutura do novo centro para desenvolver projetos de IC e tecnologias correlatas e atuarem nesses laboratórios. “O novo centro também se propõe a formar e capacitar recursos humanos especializados nesta área para o Estado. Isso também vai fomentar as pesquisas á nivel de mestrado, doutorado e pós-doutorado dentro da universidade é fundamental nessa área, e o centro também tem esse propósito”, resumiu.

Segundo a professora Alana Vasconcelos, do PPED, a participação dos professores e pesquisadores acontecerá através de grupos de pesquisa integrados, onde cada um deles contribuirá com sua expertise científica e metodológica. “Os docentes e pesquisadores dos PPGs atuarão como consultores técnicos, orientadores de projetos aplicados e líderes de frentes temáticas dentro do Centro, garantindo rigor acadêmico, validação científica e alinhamento com as agendas de inovação sustentáveis. Além disso, os PPGs apoiarão a elaboração de estudos, diagnósticos, modelos tecnológicos e indicadores necessários ao desenvolvimento das soluções em combustíveis verdes. Eles atuarão de forma integrada, compartilhando laboratórios, metodologias de pesquisa e agendas de inovação para fortalecer o caráter interinstitucional do Centro.”, detalha.

A interação das áreas será por projetos transdisciplinares, organizados em quatro eixos estratégicos: o de Tecnologia e Engenharia (desenvolvimento de protótipos, análises experimentais e validação de processos); o de Educação e Humanidades (formação de competências, processos educativos, governança e gestão do conhecimento); o de Direito, Gestão e Políticas Públicas (análise regulatória, compliance ambiental, impacto socioeconômico e políticas de carbono zero); e o de Saúde e Meio Ambiente (avaliação de impactos ambientais, saúde ocupacional e sustentabilidade.

A professora Clara Cardoso Machado, do PPGD, explica que o Centro Sergipe vai observar um conjunto de normas legais que regem tanto o setor de energia tradicional quanto o emergente de baixo carbono, a exemplo da Lei do Combustível do Futuro (Lei n.º 14.993/2024). Segundo ela, as atividades do novo centro vão atender a políticas públicas como a Estratégia Nacional de Hidrogênio (ENH), a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e a geração de Créditos de Descarbonização (CBios), a partir de biomassas locais, integrando-se ao mercado financeiro de carbono.

“O SEVerde integra os marcos regulatórios em seus Eixos Estratégicos, garantindo que o desenvolvimento tecnológico seja sustentado por uma base jurídica sólida. A ideia é trabalhar a formação de Recursos Humanos e Integração Institucional e subsídio a Políticas Públicas. Além disso o SEVerde se posicionará como um agente ativo na criação de um arcabouço normativo”, diz Clara, referindo-se a temas como o aprimoramento de marcos jurídicos, legais e regulatórios na área de novos biocombustíveis; colaboração e articulação com agências reguladoras que estabelecem os padrões de sustentabilidade regionais; e estudos de mercado e segurança jurídica.

Conheça aqui outros detalhes sobre o projeto do Centro Sergipe de Combustíveis Verdes e Carbono Zero (SEVerde)

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