Por que comer em frente à TV confunde o cérebro e favorece exageros
Especialistas explicam que distração durante as refeições atrapalha a saciedade, a digestão, a relação com a comida e confunde o cérebro Cotidiano | Por Metrópoles 27/12/2025 13h00 |Comer assistindo à televisão parece inofensivo — para muitos, até relaxante. Mas esse hábito cotidiano tem efeitos diretos no cérebro, na digestão e no controle do apetite.
Especialistas explicam que quando a atenção está na tela, o corpo “perde o fio” do que acontece no prato. O resultado pode ser comer mais do que precisa, sentir menos prazer e confundir fome física com emocional. Segundo a psicóloga Handreza Oliveira, o principal problema é a fragmentação da atenção.
O córtex pré-frontal — área ligada às decisões conscientes — fica ocupado com o conteúdo da tela, enquanto a comunicação entre o sistema digestivo e o hipotálamo, que processa a saciedade, se torna mais lenta.
O “atropelo” da saciedade
A percepção de estar satisfeito não depende apenas do estômago cheio. Ela envolve hormônios, sentidos e uma etapa inicial chamada fase cefálica da digestão — quando ver, cheirar e antecipar o alimento prepara o corpo para comer.
“Quando a pessoa não presta atenção no prato, essa fase é pulada. A comida chega ‘de surpresa’ ao estômago, e o cérebro demora mais para entender que já é hora de parar”, diz Handreza. Isso favorece o consumo além do ponto de necessidade biológica.
Na prática, a distração interfere na memória da refeição. O cérebro registra menos o que foi comido e, pouco tempo depois, envia sinais de fome novamente.
“A atenção dividida degrada a memória episódica da refeição — aquela que guarda a experiência, o gosto e a satisfação. Sem esse registro, a fome volta mais cedo”, afirma a psicóloga. Além disso, o prazer diminui: após as primeiras garfadas, entra-se em um modo automático, comendo sem real satisfação.
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